A certificação B Corp foi criada em 2006 pela organização americana B-Lab, e expandiu-se para as restantes partes do globo. Em Portugal, há mais de 230 empresas com esta certificação.
Muitas PME procuram por mecanismos que lhes permitam comunicar, de forma clara e substantiva, as práticas que vão desenvolvendo ao nível da sustentabilidade. Sendo a elaboração de uma estratégia de sustentabilidade o primeiro passo (e descrito no artigo anterior), faz sentido que as PME possam utilizar esse esforço para também comunicarem com os seus clientes e parceiros de negócio o seu “nível” de sustentabilidade. Assim, é coerente e útil que as PME possam definir a sua estratégia de sustentabilidade e respetivo plano de ação, com a ambição de poderem obter a certificação internacional B Corp.
A certificação B Corp foi criada em 2006 pela organização americana B-Lab, tendo-se expandido para as restantes partes do globo. Em Portugal, existem mais de 230 empresas com esta certificação. Para a obter, as empresas terão de atingir mais de 80 pontos numa classificação criada para o efeito, e que pretende medir o impacte da empresa na sociedade em que opera.
Estes pontos são obtidos através de respostas a um questionário, demonstração de processos implementados e elaboração de documentos e ações várias em cinco áreas distintas: Governança, Colaboradores, Comunidade, Ambiente e Clientes.
Na governação, as expectativas incidirão sobre a missão da empresa e os seus standards de ética e transparência; ao nível dos colaboradores os requisitos estão associados com remunerações, saúde, bem-estar e segurança; desenvolvimento profissional, satisfação; na comunidade é esperado que a empresa informe as práticas que tem ao nível diversidade, equidade e inclusão, impacto económico, envolvimento cívico e doações, e cadeia de valor; a nível ambiental as organizações terão de responder sobre os seus impactes relacionados com gestão ambiental, ar e clima, água, terra e vida; por fim há também que explicar o modelo e as práticas implementadas na gestão de clientes.
Como podemos ver, muitas destas áreas estão associadas aos standards europeus de reporte de sustentabilidade, permitindo assim que as PME, ao apostarem na Certificação B Corp, possam estar também a responder aos requisitos que os seus clientes, grandes empresas, começam a solicitar ao abrigo da regulação europeia que incide sobre elas.
Uma PME para conseguir obter a certificação B Corp, terá de realizar todo um trabalho de gestão corporativa, que vai responder também a pedidos vários por parte de bancos, cofinanciadores, clientes, ratings entre outros. Em concreto, o trabalho associado à certificação permite às empresas conseguirem identificar os temas materiais, ter uma estratégia de sustentabilidade, ter uma política de ética, publicar um relatório de sustentabilidade, ter planos de desenvolvimento para os colaboradores, manual de acolhimento e de gestão interna, políticas e práticas de apoio à comunidade, ter critérios ambientais e sociais na avaliação dos seus fornecedores, calcular a sua pegada carbónica e assumir compromisso de neutralidade, etc.
Todo este processo é realizado online, existindo na fase final algumas reuniões virtuais entre a equipa da B Corp e a empresa. O processo associado à certificação tem uma duração média de seis a 12 meses, dependendo sempre do tempo associado à realização das perguntas e respetivas respostas. A certificação é revista a cada três anos, garantindo uma melhoria contínua do processo da empresa. As empresas têm de pagar um fee anual à B Corp assim que obtêm a certificação. Este fee depende do volume de faturação, mas apresenta uma escala razoável e fazível para as empresas.
Em suma, uma aposta na obtenção da certificação B Corp pode ser um caminho útil para as PME, uma vez que as coloca no radar dos investidores e consumidores (cada vez existem mais empresas com esta certificação); lhes permite responder a um conjunto de requisitos cada vez mais questionados por parte dos bancos e rankings; e proporciona uma abordagem integrada e prática do que significa ter uma estratégia de sustentabilidade suportada por práticas de ESG.
Artigo publicado no Jornal Económico.
