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Ventos de Mudança, e a Auditoria Interna?

Artigo Fatima Geada 1200X627px

A auditoria interna surge como uma função essencial para assegurar a integridade, eficiência e conformidade das operações nas organizações (…), um pilar da estratégia atual de governação corporativa

No dia 8 de janeiro deste ano, o “The Institute of Internal Auditors” (The IIA) publicou as novas Normas Globais de Auditoria Interna. As mudanças preconizadas entraram em vigor a partir de 9 de janeiro de 2025 e tiveram o propósito de substituir o IPPF (International Professional Practices Framework) de 2017 – este normativo pode ainda ser utilizado durante este ano de transição. O objetivo das Normas publicadas pelo IIA é orientar a prática profissional de auditoria interna em todo o mundo e servir como referência para avaliar e elevar a qualidade da função.

As Normas publicadas em 2025 apresentam 15 princípios:

  1. Integridade
  2. Objetividade
  3. Competência
  4. Cuidado Profissional
  5. Confidencialidade
  6. Autorização do Conselho
  7. Posicionamento
  8. Supervisão
  9. Planeamento Estratégico
  10. Gestão de Recursos
  11. Comunicação Efetiva
  12. Qualidade
  13. Planeamento de Compromissos
  14. Condução do Trabalho
  15. Comunicação de resultados e Plano de ação de monitorização

Seguindo esta linha, as novas regras estão agora categorizadas em cinco domínios, que vão desde a finalidade da auditoria interna até ao desempenho dos serviços de auditoria, cada um sustentado por princípios orientadores e normas específicas que incorporam um quadro abrangente destinado a abordar o ambiente empresarial dinâmico da realidade das instituições atuais.

As normas anteriores, apesar de amplamente aceitas, necessitavam de uma atualização para refletir melhor os desafios e oportunidades do ambiente de negócios contemporâneo. As mudanças foram projetadas para:

  • Tornar a auditoria interna mais ágil e proativa, capacitando-a a lidar com questões complexas como tecnologia emergente, ESG (ambiental, social e governança) e cibersegurança.
  • Reforçar a credibilidade da função de auditoria interna perante stakeholders, incluindo conselhos de administração e reguladores.
  • Aumentar a clareza e consistência das diretrizes globais, facilitando sua aplicação prática por auditores internos em todo o mundo.

Esses objetivos procuraram posicionar a auditoria interna como um agente de transformação organizacional, capaz de antecipar tendências e oferecer recomendações estratégicas que agreguem valor à governação corporativa. Numa era definida por mudanças rápidas e desafios complexos, esta reorganização não só simplifica a abordagem de auditoria interna, mas também gera uma perspectiva mais ampla sobre o papel da profissão na estrutura de governação das organizações. As normas também permitem orientações específicas para diversos setores de atividade, incluindo o setor público e bem assim para funções de auditoria de dimensão reduzida, permitindo refletir também sobre áreas críticas como a segurança cibernética. Esta flexibilidade e especificidade são vitais para os auditores internos de todos os setores e países.


Entre as mudanças mais significativas podemos salientar como mais relevantes: ter em consideração os aspetos tecnológicos e a utilização das novas realidade tecnológicas no âmbito da AI; dar prioridade aos relatórios e à forma eficaz e comunicar, utilizando critérios de níveis de riscos ; estabelecer uma estratégica para a AI, com uma governação eficaz, alicerçada num reporte direto ao Conselho, salientando a colaboração entre Gestão de topo e a Auditoria e bem assim dando relevância ao papel exercido pelas Comissões de Auditoria. O cumprimento das avaliações externas de qualidade periódicas da função de AI, levadas a efeito por equipas onde exista pelo menos um auditor certificado.

A auditoria interna surge como uma função essencial para assegurar a integridade, eficiência e conformidade das operações nas organizações, oferecendo uma avaliação independente dos processos e controles internos, permitindo identificar os riscos, fraquezas e oportunidades de melhoria. Deste modo a sua responsabilidade não é apenas de monitorizar a conformidade. A Função de AI surge com o pilar da estratégia atual de governação corporativa.

Neste contexto que atualmente as organizações vivem de mudança radical de processos, de contexto e de novas tecnologias e de desafios de utilização de forma produtiva da Inteligência artificial, as principais contribuições da auditoria interna incluem:

  • Monitorizar e garantir o alinhamento com as regulamentações legais e normas internas, evitando sanções e multas, o que se torna ainda mais crítico e desafiante no atual contexto de um ambiente de negócios em permanente mudança regulatória e regido por regulamentações complexas.
  • Identificar irregularidades, melhorar e robustecer os controles, sobretudo robustecendo os controlos automáticos e diretivos, promovendo a implementação e monitorização de códigos de ética e conduta dentro das organizações. permitindo mitigar perdas financeiras antes que se tornem significativas, proporcionando um ambiente mais seguro e ético para as operações realizadas no contexto empresarial. Avaliar e otimizar os processos e recursos organizacionais, resultando em economia de custos e maior produtividade, além de garantir uma melhoria na experiência para o cliente final e na reputação das organizações
  • A Auditoria Interna conhecendo bem os processos internos, permite partilhar valiosas comunicações para o conselho de administração e alta liderança.

    Além disso, em resposta a mudanças regulatórias como o GDPR ou a Diretiva para a sustentabilidade, empresas com auditorias internas proativas demonstraram maior capacidade de adaptação e conformidade, reduzindo o risco de penalidades e protegendo a reputação externa das organizações.

Tendências de Evolução – Cibersegurança e Proteção de Dados

Com a crescente digitalização, a cibersegurança continua sendo o principal risco enfrentado pelas empresas. Segundo o relatório “Risk in Focus 2025” da Confederação Europeia de Institutos de Auditores Internos, a cibersegurança lidera as preocupações organizacionais desde 2017. Os principais desafios são sem dúvida responder eficazmente ao aumento de ataques cibernéticos, mitigando o risco do seu aparecimento, através de um reforço de controlos preventivos, evitando a partilha indevida de dados e a necessidade de conformidade com normas como o GDPR.

Estes desafios exigem uma abordagem holística, que deve envolver processos tecnológicos e novas competências e skills mais tecnológicos das equipas de auditores. O que vai naturalmente obrigar a um reforço da formação em áreas tecnológicas e a realizar auditorias regulares no âmbito da segurança da informação, implementar simulações de ataques e avaliar a eficácia de políticas de resposta a incidentes, promovendo uma cultura de segurança a todos os níveis da organização.

A rápida evolução tecnológica, incluindo a inteligência artificial (IA), está a surgir como uma pedra de toque transformadora de todos os modelos de negócios, trazendo novas oportunidades e riscos. A perspetiva de evolução destes fatores disruptivos aponta que até 2028 a disrupção digital será um dos principais riscos globais, com impactos determinantes na automatização de processos, mudanças nos modelos de trabalho e aumento da complexidade regulatória, exigindo adaptação rápida e estratégias inovadoras para manter a competitividade.

Toda esta contextualização de mudança da envolvente obriga a avaliar a integração da AI em processos corporativos e a identificar riscos éticos daí decorrentes e impacto direto na privacidade dos colaboradores e diferentes stakeholders das organizações. Além disso, torna-se fundamental desenvolver competências internas para lidar com as implicações tecnológicas de forma eficaz.


Estes aspetos vão ter um impacto determinante na forma como se recruta Auditores internos, como são capacitados e como garantimos o seu empenhamento com as organizações.

Todos estes aspetos tornam a gestão de capital humano uma prioridade estratégica. Surgindo assim, aspetos críticos desafiantes para a gestão como sendo: a rotatividade, dificuldade em atrair talentos e lacunas de competências. A avaliação de políticas de recrutamento, retenção e formação devem ser implementadas, garantindo que as mesmas estejam alinhadas com as características futuras do mercado, promovendo uma cultura organizacional que valorize inovação e formação contínua.

Neste atual ambiente regulatório em constante evolução é necessária uma abordagem proativa por parte das empresas. A pressão pela adoção de práticas empresariais mais sustentáveis é uma realidade, e a integração de critérios ambientais, sociais e de governação nas operações organizacionais tornou-se essencial para garantir a competitividade. Este aspeto é um novo desafio parra a Auditoria Interna levando à necessidade de realizar auditorias detalhadas em iniciativas de ESG, assegurando que os relatórios sejam transparentes, confiáveis e alinhados com os objetivos corporativos.

Desta forma para enfrentar estes desafios, num contexto global de mudança permanente é necessário:

  • Implementar processos tecnológicos, suportados em análise de dados, que permitam automatização de processos e identificação de riscos em tempo real, promovendo auditorias contínuas e alarmística devidamente definida.
  • Dar relevância à implementação de ferramentas robustas de monitorização das obrigações regulatórias, que permitam garantir compliance com as obrigações regulatórias.
  • Formação continua em ESG, cibersegurança e analítica de dados, que confiram às equipas de auditores competências, de modo a alinhar as suas práticas processuais com os desafios globais.

Estas mudanças, num mundo caracterizado por uma turbulência permanente, têm como objetivo primordial, adequar a prática da auditoria interna a este contexto de mudança holística e transversal a todos os setores de atividade e garantir um maior alinhamento com as expectativas do mercado, fortalecendo a relevância da função de Auditoria Interna como uma função estratégica dentro das organizações.

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